Crítica | O quarto ao lado.

                                                   Foto:Divulgação/Warner Bros.

"Longa trata tema de grande discussão, de uma maneira emocionante e sútil"

Chega aos cinemas na próxima semana, mais um longa de Pedro Almodóvar. Mesmo ele já  tendo informado sua aposentadoria, conseguimos conferir mais uma obra deste grande diretor.

 O roteiro de Almodóvar com Sigrid Nunez tem um argumento simples, sem grandes acontecimentos e que se apoia cem por cento em diálogos, deixando na mão de suas intérpretes, desta forma para o filme dar certo necessariamente precisaria de duas atrizes fenomenais para dar conta do recado.

  Juliane Moore e Tilda Swinton são as acertivas escolhas do longa.

Ingrid (Julianne Moore, de ‘Longe do Paraíso’) hoje é uma escritora renomada e está numa livraria fazendo seu lançamento quando inesperadamente tem notícias de Martha (Tilda Swinton, de ‘Precisamos Falar Sobre o Kevin’), sua amiga de infância a quem era muito ligada e cuja parceria seguiu para vida adulta, quando trabalharam juntas numa revista. Então, Ingrid decide visitar Martha no hospital, querendo retomar a amizade perdida no tempo. À medida que as visitas se repetem e a cumplicidade é reestabelecida, um pedido inesperado de Martha surpreende Ingrid, o que fará com que ela reflita não só sobre essa amizade, mas também reavaliará sua própria vida.

 O Quarto ao Lado conta a história destas amigas que vão passar alguns dias em uma casa no interior, para que uma delas, Martha, que tem um câncer sem cura, possa tomar algumas pílulas e morrer em paz. 

Foto:Divulgação/Warner Bros.

A história é adaptada do livro O que Você Está Enfrentando, de Sigrid Nunez e rendeu o primeiro Leão de Ouro no Festival de Veneza, para o diretor espanhol Almodóvar. O mesmo está em um terreno perfeito para suas produções: histórias fortes e com mulheres imperfeitas. E é na força da atuação de sua dupla principal que consegui entregar a emoção e torna tudo perfeito na produção.

  O que poderia ser um drama pesado, ganha contornos cômicos e sarcásticos nas mãos de Pedro Almodóvar, que escreve a própria adaptação do livro. Moore brilha ao criar essa angústia e ansiedade gerada pelo conflito em ajudar ou não a amiga. A entrada de Damian, interpretado por John Turturro, ajuda a personagem a ter com quem compartilhar suas preocupações e buscar auxílio tanto psicológico, quanto jurídico, já que será testemunha da eutanásia da amiga. Por outro lado, Swinton imprime a melancolia necessária para criar uma personagem cheia de camadas. Martha foi uma correspondente de guerra e vive um relacionamento conturbado com a filha, que ela acaba deixando de lado com os planos de abandonar o nosso mundo.

               

               Julianne Moore, Pedro Almodóvar e Tilda Swinton • Divulgação/Warner Bros.

Pedro Almodóvar consegue criar essa ótima química entre elas e as coloca em um belíssimo design de produção colorido, com seus já famosos tons de vermelho e marrom. Entretanto, essa cumplicidade das duas e a estética quase perfeita, acabam não encontrando muito mais a dizer do que já estamos habituados em outros filmes sobre o mesmo assunto. Erros do passado, esqueletos no armário e problemas mal resolvidos, são a grande ideia por trás da produção.

 O longa chega aos cinemas brasileiros no dia 24 de outubro. 

  Se você gosta dos longas deste famoso diretor, com atuações diferenciadas basta garantir seu ingresso e ir conferir nas telonas.