Crítica | Um Completo Desconhecido
"Com um elenco bem escolhido e uma atuação impecável de Timothée Chalamet, o longa sobe a régua para a escolha do Oscar."
Fomos conferir esta cinebiografia de um dos músicos mais contemporâneos de sua geração. Dirigido por James Mangold, que conta com maestria a história de Bob Dylan.
Nosso protagonista é motivado pela música o tempo todo e isso é deixado claro desde os primeiros minutos do longa. Outro ponto que fica claro na narrativa é o completo descaso do mesmo com as relações humanas, deixando toda sua energia para música. Não é atoa que Timothée Chalamet receba todos os holofotes, com o roteiro co-escrito por Mangold e Jay Cocks, baseado no livro de Dylan Goes Electric, de Elijah Walds. Chalamet está presente em tela quase o tempo todo e incorpora com maestria todos os aspectos físicos de Bob Dylan. Da voz fanha até a forma de segurar um cigarro, o trabalho de Chalamet é impressionante e hipnotizante. O filme captura com precisão o clima intimista e boêmio da cena folk de Nova York, enquanto o design de produção reconstrói os ambientes de maneira única. A trilha sonora, como esperado, é um dos pontos altos e as performances musicais capturam a essência das composições de Dylan e do folk dos anos 60. Ainda assim, o ritmo narrativo deixa a desejar um pouco. Os 141 minutos do filme são perceptíveis, especialmente no segundo ato, que se arrasta com cenas que embora bem executadas, acabam repetitivas.
Imagens/ Searchlight PicturesPor fim, o roteiro coescrito por Mangold e Jay Cocks, acerta ao transmitir o mistério e a complexidade de Dylan, mas peca por ser excessivamente convencional em alguns momentos. A narrativa limita a profundidade de um artista cuja obra e vida são marcadas pela ambiguidade e pelo constante rompimento de expectativas. Apesar de ser tecnicamente impecável e apresentar atuações memoráveis, o filme não atinge a excelência narrativa que se esperava de Mangold. Para os admiradores do gênero, no entanto, há muito a ser apreciado em especial na interpretação de Timothée Chalamet. Esse direcionamento da história e da construção do Bob Dylan de "Um Completo Desconhecido", favorece também quase todos aqueles relacionados ao mundo da música folk. Edward Norton está ótimo como Pete Seeger, um dos principais apoiadores de Dylan e se mostrando como o grande mentor. Scooty McNairy também aparece ótimo como Woody Guthrie, já muito doente, quando Dylan o conheceu. O cantor e compositor inspirou Dylan a deixar Nova Jersey e foi sua referência no início da carreira. Mas quem rouba a cena em todos os momentos em que aparece na trama é Boyd Holbrook como Johnny Cash. Da mesma forma que Chalamet, Holbrook consegue emular o gestual e o timbre vocal icônico de Cash com perfeição.
Imagens/ Searchlight Pictures
O diretor Mangold, ficou famoso pelo premiado "Johnny & June", mostrando sua facilidade de voltar ao cenário da música folk, uma curiosidade legal que o diretor apresenta aqui fazendo ligações entre ambos os filmes são as cartas que Cash escreveu para Dylan. Umas das piores coisas do longa é a tentativa falha de criar um triângulo romântico entre Dylan, Sylvie (Elle Fanning) e Joan Baez (Monica Barbaro), não fica muito clara a real intensão do roteiro aqui.
Melhor do que a grande maioria das cinebiografias musicais que vimos nos últimos anos, "Um Completo Desconhecido" é um prato cheio para os fãs de Bob Dylan e de música em geral. Os grandes sucessos estão lá, o visual e graças a grande atuação de Timothée Chalamet que nos faz acreditar que estamos vendo o jovem Dylan na tela.
O Longa estreia nos cinemas nacionais a partir do dia 27 de Fevereiro.
Se você gosta de ótimas músicas, este filme é um prato cheio.
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