Crítica| Coringa: Delírio a dois

 
                                  Clima onírico: Lady Gaga e Joaquin Phoenix em 'Coringa: delírio a dois' — Foto

"Como próprio título nos fala, Delírio a dois"

Na visão geral o longa-metragem, nos entrega o que promete! Leva o expectador a um mundo particular, da cabeça de pessoas desequilibradas. 

Como um grande fã de quadrinhos me sinto obrigado a dizer que este, foge mais ainda de suas origens.

No primeiro, “Coringa” (Joker – 2019, de Todd Phillips, surpreendeu plateias do mundo ao abordar temas como doença mental, bullying e desigualdade social por meio da transformação do jovem Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) no Palhaço do Crime.

O icônico vilão da DC, criado por Bob Kane e Bill Finger em 1940, teve muitos interpretes nos cinemas, ao qual cada ator deu sua cara ao personagem, assim como em “Coringa”, aumentou a expectativa do público em torno de uma sequência, “Coringa: Delírio a Dois”, principal estreia do circuito exibidor brasileiro na próxima quinta-feira (03). Tentando seguir os passos de seu antecessor, inclusive com exibição no Festival de Veneza deste ano, o longa mostra Arthur/Coringa preso no Arkham Asylum enquanto aguarda o julgamento pelos crimes cometidos no primeiro filme. Em meio à espera, a possibilidade de conhecer o amor com Lee/Harley Quinn (Lady Gaga).

 Phoenix elevou a insanidade à potência máxima, explorando a fragilidade e a dor de um homem solitário que sonha com amor e fama com a mesma desenvoltura que lança olhar ameaçador que, junto com a risada insana, causa calafrios no espectador, Ledger e Phoenix foram reconhecidos pela Academia de Artes de Hollywood com as estatuetas do Oscar de melhor ator coadjuvante e ator, respectivamente.


Cena do trailer de "Coringa: Delírio à Dois" - Reprodução/YouTube/Warner Bros. Pictures

Remetendo aos cartoons clássicos produzidos pela Warner Bros. em sua sequência inicial, numa animação executada com esmero, “Coringa: Delírio a Dois” é uma produção que prima pela técnica, tendo a ousadia como base de sua construção por inserir características do gênero musical num drama pesado com elementos de suspense, policial e tribunal. Ou seja, é um filme que precisa driblar sua própria complexidade. E o faz de forma bastante irregular no que trata do desenvolvimento da trama propriamente dita, pois alguns números musicais soam desnecessários para os personagens e para a história proposta, transmitindo a sensação de terem sido inseridos para melhor aproveitamento de Lady Gaga, que defende Lee/Harley com segurança, mesmo que as vezes desnecessária, mostrando ao espectador que a instauração do caos é sua maior fonte de energia. 


Mas isso não é suficientemente aprofundado pelo roteiro de Phillips e Scott Silver, enfraquecendo um pouco o longa que tinha na personagem uma promessa de elevar ainda mais a insanidade à potência máxima. Quanto ao "Casal" em si, gosto da dinâmica entre eles.

No entanto, a trama se torna mais interessante quando seu subtexto é analisado com afinco. Seguindo a fórmula do primeiro filme, “Coringa: Delírio a Dois” tece crítica contundente ao que o primeiro longa conta. No caso do longa de Phillips, o culto a um homem que convulsiona as massas vestido de palhaço e cometeu crimes bárbaros, um deles transmitido ao vivo em rede nacional, estabelecido por uma sociedade que gradativamente se tornou vazia e incapaz de discernir entre certo e errado.

Se espera ir ver um longa convencional não será o filme para você!

Neste filme, temos que tentar nos ver no olhar de alguém fora da caixa.

 Coringa delírio a dois acaba tendo uma experiência menos perturbadora que a de “Coringa”. Mesmo assim, sombria o suficiente para causar calafrios, sobretudo durante as sequências ambientadas em Arkham, misto de hospital psiquiátrico e prisão que funciona em condições indignas e sub-humanas.

  O Longa-metragem estreia dia 03 de Outubro nos cinemas Brasileiros.

 Mas lembre-se, tente manter a cabeça aberta, pode funcionar bem para você! 


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