Crítica| Lobisomem

 "Novo e repaginado Lobisomem busca contar um drama familiar e inova no visual de transformação."

                                        Imagens /Universal Studios

A Universal estúdios nos traz uma nova história de um dos seus monstros mais clássicos do cinema e da literatura em "Lobisomem", filme dirigido por Leigh Whannell. O cineasta, também responsável por "O Homem Invisível (2020)", transforma a história do homem-lobo em um drama familiar.

Nesta nova adaptação temos como figura central o escritor Blake (Christopher Abbott). O filme acompanha o personagem por três perspectivas diferentes. Na primeira o longa traz nosso protogonista em sua infância, quando ele é filho de um homem durão que tenta ensiná-lo a se proteger. Já na segunda, na fase já adulta, como marido e pai, na tentativa de ser melhor que a figura paterna por quem fora criado. A terceira é a perda de sua família.

Em "Lobisomem", o diretor e roteirista Whannell constrói sua mitologia em torno da figura do lobisomem, a partir da complexa relação entre um pai severo e seu filho Blake (interpretado na fase adulta por Christopher Abbott). Nesta fase, nosso protagosnista nos traz uma abordagem do personagem um pouco diferente do eternizado por Lon Chaney Jr. em "The Wolf Man (1941)", de George Waggner. Se no clássico de Waggner a narrativa se concentrava na dualidade intrínseca do ser humano, entre cordialidade e violência e em como essa luta interna cria um dos monstros mais icônicos da história do cinema, aqui a trama se orienta de forma mais explícita, pela dinâmica geracional no contexto familiar e seus traumas.

                                   Imagens /Universal Studios

O diretor Whannell tenta entregar uma leitura sensível e menos visceral para o mito do lobisomem. Para isso, desenvolve uma das melhores óticas criadas no longa, a perspectiva de quem se transforma na criatura. Porém, nem tudo são flores e o fato de brincar com os olhos da vítima,  traz um ambiente muito escuro em alguns momentos, não sendo muito legal para quem está assistindo, mas o acerto mesmo fica quando vemos pela ótica do monstro, praticamente uma visão noturna de um predador. 

O natural deste tipo de filme é uma transformação rápida que torna o homem racional em um animal irracional. No entanto, o "Lobisomem" de 2025 inova com esta perspectiva pessoa, em que Blake tem a noção gradual de que está perdendo tudo que tem, não apenas os sentidos ou a sua percepção humana, mas também a preciosa filha (Matilda Firth) e a esposa Charlotte (Julia Garner).

                                 Imagens /Universal Studios
Inicialmente o texto, as ideias e a trama do novo Lobisomem parecem simples. A história desenvolve-se em cima de clichês narrativos de um filme comum. O garoto que crescia com um pai bravo que vai embora para a cidade grande, tendo problemas com a família, vê a necessidade de voltar à terra natal, uma oportunidade para tentar melhorar a situação atual. Ao observar o longa desta maneira é ter um olhar simplista para a história. No entanto, significa também aproveitar outros caminhos que o diretor têm a oferecer. Whannell demonstrou em "O Homem Invisível" aptidões para o suspense.

Em "Lobisomem" (2025), o cineasta tenta repetir a dose. Assim como no longa-metragem de 2020, que tinha Elisabeth Moss como protagonista, o foco de novo filme é o terror psicológico de Blake.

Apesar das boas intenções em investir a energia do roteiro em um drama familiar, "Lobisomem" demonstra desgaste nas frágeis amarrações da sua história, tornando algumas bem óbvias já de seu início. Enquanto constrói profundidade nas relações de um lado, do outro decide seguir as saídas mais comuns que consegue encontrar.


                                          Imagens /Universal Studios                                 

Desta forma, a ideia central deste novo retrato do lobisomem é entregar um filme capaz de entreter e em simultâneo, fazer sentido para o público com um discurso simbólico. Ou seja, com um personagem tão popular em mãos, Leigh Whannell e a roteirista Corbett Tuck que são casados, focam na necessidade de fazer um longa popular. Por isso, também a estética escolhida para representar a criatura revisita versões anteriores. Ao se transformar em lobisomem, Blake mescla os traços animalescos e ferozes com algum resquício de sua humana.
"Lobisomem" (2025) é moldado para agradar um público massivo, sem deixar de lado quem gosta de ver filmes que fazem sentido para além das suas histórias. Para quem procura pelo suspense, ele está presente no novo longa-metragem. No entanto, o que se destaca são as cenas capazes de arrancar arrepios do espectador e a perspectiva inovadora da percepção de alguém se transformando em lobisomem.
O longa estreia nas telonas nacionais na quarta-feira, dia 16 de janeiro.
Agora basta conferir o retorno de um dos monstros mais famosos da Universal Studios! 




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